quarta-feira, 23 de março de 2016

MARIO FREITAS - NOTA OFICIAL: POR QUE NÃO ASSINEI O DOCUMENTO DO MISSÃO NA ÍNTEGRA

Mario Freitas


As reflexões abaixo dizem respeito ao cidadão Mário Freitas, que embora não possa fugir da categorização de figura pública, dá-se o direito cívico de opinar, concordar e discordar, sem que isso venha necessariamente confundir-se com a instituição que fundei e presidi por anos no Brasil, a saber, a MAIS – Missão em Apoio à Igreja Sofredora, pois a mesma não se manifesta politicamente nesse momento, atendo-se à sua esfera vocacional que vislumbra atender cristãos em situação de guerra, perseguição e catástrofe em diferentes partes do mundo. 

Pessoalmente, portanto, venho brevemente pontuar aqui meu posicionamento acerca do documento promovido e divulgado pelo Missão na Íntegra, justificando, ainda que em poucas palavras, a razão pela qual resolvi abster-me. 

1) Inicialmente, quero registrar meu absoluto respeito pelos integrantes do movimento Missão na Íntegra. Trata-se de uma rede aberta de irmãos que possuem ministérios de envergadura transformacional e humanitária, o que sempre acreditei ser bíblico. Ao enviar os 70, Jesus ordena que “curem os enfermos e anunciem o Reino” (Lc 10:9). Ou seja, a missão da igreja contempla o homem todo. 

2) Por tratar-se não de uma instituição mas de um movimento livre, é de se esperar que essa rede contenha indivíduos de diferentes posições e preferências políticas, sem que isso precise gerar desrespeito ou animosidade. Por esse motivo, expresso que respeito a posição política de qualquer integrante do MI e de qualquer pessoa que tenha assinado o documento. E pela mesma razão, honestamente espero ser compreendido quanto à minha posição pessoal. 

3) Vejo com grande temor o que vem acontecendo no Brasil, mas confesso que minhas orações têm sido respondidas. Minha posição não é partidária, o que prezo é pela justiça, e desejo que o judiciário continue efetivando o que vem fazendo em busca da verdade. Portanto, não concordo com o conteúdo da carta na íntegra, principalmente quando afirma: 

a) “só se faz justiça civil pela aplicação rigorosa e exclusiva da lei. Não concordamos que os ritos necessários para o juízo legal sejam adulterados apenas para atender ao clamor público.” – Concordo com o conceito, mas não concordo que isso se aplique ao que vem sendo executado pela Operação Lava Jato. Não vejo qualquer quebra de legalidade nem no elemento coercitivo da intimação de Lula, nem tampouco nas escutas telefônicas divulgadas. Aliás, creio que desviar o foco para que se considere os meios mais do que o conteúdo adquirido através dos mesmos é o que pode caracterizar a mais severa adulteração de informações.

b) “Entendemos que condenar alguém, antes que todo o processo investigativo seja concluso, antes que se dê amplo direito de defesa, e antes que um tribunal dê sua sentença final, constitui um perigoso precedente para que quaisquer poderes, seja o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário, excedam os seus limites constitucionais.” – Outra vez, concordo com o conceito mas não posso deixar de expressar minha total repulsa à tentativa de nomeação do ex-presidente Lula à Casa Civil. Se é inapropriado condenar alguém antes da conclusão do processo, não pode ser adequado nomear alguém sob as mesmas condições. 

c) Também exijo respeito ao voto, mas o fato de alguém ter sido eleito por meio democrático não lhe confere direitos no que tange a violações tão crassas da lei e da moral. Se um estadista tiver provada contra si a participação em algum crime hediondo, por exemplo, deveria ele deixar de ser julgado e de ter seu posto questionado pelo fato de ter sido eleito democraticamente? Nas circunstâncias atuais, o que está em voga antes mesmo do impeachment é uma operação específica, trazida à tona mediante o trabalho de uma equipe jurídica séria, e que compromete a relação entre governantes e ex-governantes e a condução de uma empresa estatal. Os desdobramentos disso, de fato, demandam maiores comprovações. Mas deve ser dado ao judiciário amplo espaço para trabalhar buscando a condenação ou absolvição dos envolvidos, independente de seus postos. 

d) Concordo com a rejeição ao ódio, em todo formato. Por essa razão manifesto minha opinião esperando que não seja necessariamente odiado por ela. 

Concluindo, seguirei fazendo missão integral (ou qualquer outro nome que seja dado a isso), admirando os homens que Deus têm levantado para propor este evangelho transformacional, colocando-me humildemente à disposição para ser arguido e corrigido sempre que necessário, mas dando-me o direito de posicionar-me conforme Deus me orientar e minha consciência me permitir. Com Ele, e somente com Ele, meus compromissos se fazem imutáveis!

Pacificamente, no amor de Cristo, 

Mário Freitas


(P.S.: Segue abaixo o documento)
https://docs.google.com/forms/d/1n3f5_gYwg3W9310Wm-_RmPrMRtOTanrGDpaMwOinBCg/viewform?c=0&w=1

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