O povo brasileiro já percebeu: não é hora de virar as páginas, é hora de mudar de livro.
O que me traz a esse lugar e a essa hora é a convicção de que a imagem usada por Caio Fernando Abreu veste perfeitamente o atual momento do Brasil, e encontra em Marina Silva aquela que melhor conseguiu captar a voz das ruas, e está em sintonia com o desejo de mudança que mora no peito dos brasileiros.
Mas não podemos ser negligentes à realidade de que o inusitado que colocou nas mãos de Marina Silva a possibilidade concreta de ser eleita para ocupar a presidência da república, resultou em outro fato igualmente significativo: o recrudescimento do debate a respeito da identidade evangélica.
Considerando os necessários descontos em razão dos discursos acalorados pelo processo eleitoral é razoável dizer que o imaginário popular é influenciado a ponto de ver transformado o nome evangélico em uma espécie de xingamento, adjetivo pejorativo associado a pessoas de fé e boa vontade. Também por essa razão nos reunimos nessa manhã.
Nos mobilizamos não apenas para apoio e suporte a uma candidatura que nos representa e carrega consigo muito do ideário cristão. Também nos aproximamos para adensar nosso compromisso em defesa daquilo que é maior do que qualquer projeto político, a saber, o Evangelho e a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.
Não aceitamos a idéia de que ser evangélico é ser ignorante, moralista, homofóbico, sectário, intolerante.
Nosso Senhor Jesus Cristo é apresentado como aquele que “andou por toda parte fazendo o bem”, lançando no coração humano as sementes do amor, da generosidade, do perdão e da solidariedade, virtudes absolutamente distantes de quaisquer perspectivas que alimentem o ódio, a condenação, a exclusão, a discriminação e a segregação. Em seus passos o povo pacífico desse país caminha.
Devemos recusar a ideia de que ser evangélico é ser manipulável e manipulador.
Rejeitamos a sugestão de que a consciência do povo evangélico seja propriedade de quem quer que seja, e esteja cativa de ideologias e programas menores do que a agenda do reino de Deus.
Igreja não é lobby.
Igreja não é partido político.
Igreja não é instrumento de pressão.
Igreja não é curral eleitoral.
Púlpito não é palanque.
Altar não é plataforma para comício.
Igreja não é partido político.
Igreja não é instrumento de pressão.
Igreja não é curral eleitoral.
Púlpito não é palanque.
Altar não é plataforma para comício.
Não podemos nos calar diante daqueles que falam em nosso nome, como se o povo evangélico fosse um bloco monolítico, que segue a cartilha de um homem só. Com todo o respeito e estima que merece nosso irmão Jorge Mario Bergoglio, nós evangélicos não temos Papa.
Temos um sem número de irmãos anônimos que há anos militam por uma sociedade de justiça e paz, um Brasil republicano e democrático. Embora não somem em nossas fileiras nesse processo eleitoral, são dignos do nosso respeito e consideração.
Ainda que trilhemos caminhos diferentes, todos estamos de mãos dadas em busca de um país que supere a fome, a miséria, a corrupção sistêmica, e o fazer político viciado no apêgo ao poder pelo poder, aos ganhos individuais em detrimento do bem comum, à apropriação da res pública para satisfação de interesses particulares.
Por essa razão, no exercício de nosso sacerdócio religioso, como pastores e pastoras, orientadores espirituais desse imenso contingente da população brasileira que se identifica como evangélico, é urgente reafirmar os compromissos que sempre nos caracterizaram ao longo de nossa história.
É tempo de reafirmarmos o compromisso com a justiça em sua máxima abrangência e a promoção de uma cultura de paz.
É tempo de reafirmarmos o compromisso com o Estado Laico: a liberdade de culto e crença, a isonomia entre todas as tradições religiosas – inclusive a defesa do direito de não pertencer a qualquer tradição religiosa, e o respeito às consciências individuais.
É tempo de reafirmarmos o compromisso com a unidade, na esperança de que o debate ao redor de um pleito eleitoral nos aproxime para a defesa de valores comuns, em vez de nos distanciar em razão de valores menores do que aqueles que nos unem: uma casa dividida não prevalece, nos advertiu Jesus.
É tempo de reafirmarmos o compromisso com a defesa dos direitos humanos e das minorias, a diaconia e o serviço, mantendo nosso coração alinhado aos profetas que nos ensinaram a abraçar a causa do órfão, da viúva e do estrangeiro, dos fracos e vulneráveis, dos que não têm vez e não têm voz.
Quando nos ensinou a governar, Jesus não nos apontou o caminho do trono. Colocou em nossas mãos uma bacia e uma toalha. Lavar os pés é o nosso jeito de exercer o poder.
É com base nesses compromissos, que expresso meu apoio à candidatura de nossa irmã Marina Silva. E sei que trago comigo, nessas poucas palavras, muitas vozes.
Marina é a proposta que ultrapassa os maniqueísmos, como: partido a contra partido b, classe média e elite contra pobres e miseráveis, ciência contra religião, o povo contra o governo. Marina sabe caminhar em meio às contrariedades e propõe uma forma criativa de lidar com as tensões do diverso.
Marina é a superação da política bipolar. Marina vem da floresta, nasceu no berço da (bio)diversidade. A complexidade é seu habitat natural.
Não devemos confundir flexibilidade, abertura ao diálogo, capacidade de inclusão, respeito às divergências, atitudes essenciais ao espírito democrático, com claudicância, inconstância e incoerência. Devemos temer mais a prepotência dos que pretendem governar o mundo com a caneta na mão, do que o espírito conciliador dos que injustamente são acusados de escrever programas de governo à lápis.
Os ataques e agressões devem ser esperados e infelizmente fazem parte do processo. Mas sabemos que só agride quem tem medo. Minha avó me ensinou que “só recebe pedra árvore que dá bom fruto”. Marina é uma árvore frutífera.
Marina representa a política para além de números e estatísticas. Está inserida na vida pública fundamentada em valores e princípios éticos, o que é próprio daqueles cuja consciência se conserva no temor a Deus, maior instância de juízo, pois único justo juiz.
Marina não é seguidora de Maquiavél, para quem os fins justificam os meios, mas seguidora de Jesus, que nos ensina a cuidar das coisas do reino de César sem sacrifício dos valores do reino de Deus.
Marina é uma liderança qualificada, seu compromisso com a justiça não é posicionamento de campanha. É sua biografia, sua história, seu serviço prestado ao país, que ganhou reconhecimento mundial.
Votamos em Marina não porque é nossa irmã de fé, mas porque a julgamos preparada para o cargo a que postula, tendo a história como testemunha de sua experiência e capacidade, com ampla legitimidade popular.
Votamos em Marina não porque “irmão vota em irmão”. Não estamos elegendo uma autoridade religiosa ou eclesiástica.
Votamos em Marina porque julgamos que reúne condições de conduzir o Brasil, não apenas na manutenção dos inequívocos avanços dos últimos anos, mas também e principalmente de maneira a qualificar, aprofundar e ampliar as conquistas que nos fazem cultivar a esperança de um futuro que possa incluir na mesa e na festa da abundância um número ainda maior dos nossos concidadãos brasileiros.
Por Marina, e junto com todos os que caminham ao seu lado, levantamos aos céus nossa oração, somando nossa voz ao profeta Amós, suplicando que nessa terra e nesse chão, “corra a retidão como um rio, e a justiça como um ribeiro perene!”
Sim, sabemos que Marina não é um Messias de saia.
Como todos nós, Marina é fruto de uma história, e honra suas origens. Mas seu projeto de futuro não é mais do mesmo pois de fato, não é hora de virar as páginas, é hora de mudar de livro.
Muito obrigado.
Ed René Kivitz
Pastor Evangélico
São Paulo, 26.09.2014
Pastor Evangélico
São Paulo, 26.09.2014
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Evidentemente que não. Sei o que representa Dilma, e também sei a quem representa Aécio. Marina é uma interrogação. Seu discurso é semelhante ao dos velhos coronéis do nordeste que embalavam suas cabeças sorridentes entre acenos de amizades e ordens para sumir com os pobres que protestavam contra os desmandos. Marina é um perigo pois carrega a capa de religiosidade evangelica, amiga de Cristo, e que se presta a executar o projeto da direita. Projeto de exclusão, fome e miséria. Projeto muito bem aplicado desde a morte de João Goulart. Projeto sinistro, maligno, oriundo do coração de satanaz e que encontrou no seio da igreja evangelica ancoradouro político para sua aplicabilidade. Tem toda razão igreja não é instrumento de pressão. Porém deviam pensar nisso em 1964 , quando passaram a dar sustentação espiritual ao regime militar. Neste caso a autoridade não veio do céu, mas de satanaz. Eu mesmo me perguntei durante muito tempo, porque meu Deus que este país em vias de se tornar a maior nação Cristã do planeta, também é responsável pelos maiores indices de fome, miséria , favelas, tráfico, entre outros. Então recebi a resposta do céu: - É porque a igreja evangelica trabalha muito mais para a maçonaria do que para Deus. O que me obrigou a jejuar 40 dias para quebrar este estigma satânico. A nação e eu tivemos como resposta a vitória do presidente Lula nas urnas. Sua reeleição, e a reeleição de sua sucessora. Jamais Marina. Marina não é PT. Marina é Aécio, é a vontade da escória diplomada, desumanizada e covarde de tornar a por cangas no povo brasileiro. Assisti durante 25 anos a direita realizando projetos habitacionais com o dinheiro do FGTS para quem ganhava entre 300 e 1000 salários mínimos, enquanto eu morava em uma casa pré fabricada de lambri, comida de cumins, sem poder ter acesso aos recursos necessários para dar uma moradia digna à minha família que é fiel à DEUS. Aos perdedores que o Petismo lhes ensinem a fazer o dever de casa.
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